19 de dezembro de 2012

Tá certis!


    Já previam os saudosos trapalhões com o grande mestre do humor Mussum: só tomamos partido daquilo que nos afeta, o bem comum é apenas consequência do bem individual. Pimenta no olho do outro é refresco quando estou confortável e o comodismo indolente se arrasta junto com o avanço.

"A covardia coloca a questão: 'É seguro?'
O comodismo coloca a questão: 'É popular?'
A etiqueta coloca a questão: 'é elegante?'
Mas a consciência coloca a questão, 'É correto?'
E chega uma altura em que temos de tomar uma posição que não é segura, não é elegante, não é popular, mas o temos de fazer porque a nossa consciência nos diz que é essa a atitude correta."

Martin Luther King

Muito Prazer :)

Muito prazer, meu nome é otário
Vindo de outros tempos mas sempre no horário
Peixe fora d'água, borboletas no aquário
Muito prazer, meu nome é otário
Na ponta dos cascos e fora do páreo
Puro sangue, puxando carroça

Muito prazer me chamam de otário
Por amor às causas perdidas.

Muito prazer... Ao seu dispor
Se for por amor às causas perdidas
Por amor às causas perdidas

Até tu ó morte?!




"A morte, o único mal irremediável. Aquilo que é a marca do nosso estranho destino sobre a terra. Aquele fato sem explicação que guarda tudo o que é vivo em um só rebanho.
Porque tudo o que é vivo, morre."
Chicó - O Alto da Compadecida (Ariano Suassuna)

   Até tu ó morte, estás banalizada? A mais bela e fiel companheira do homem; a única que nos acompanha eternamente; a senhora que nos sonda e aguarda ansiosa nossa chegada ao seu palácio; dona que não faz distinção, que não abre mão, que nos acolhe sem interesse vão. Como caístes na maior artimanha criada pelo homem: a arte de tornar produto a vida de um cidadão? Ora pois, então a metafísica existe e é tão objetiva e concreta quanto o que vejo neste momento com os meus olhos, uma vez que tu ó morte, aquela que carrega todos os segredos do início e do fim, tão questionados pela metafísica e por mim, pode ser reproduzida em massa....

25 de setembro de 2012

O que é ficha limpa?


   A Campanha Ficha Limpa foi lançada em abril de 2008, pela sociedade civil brasileira com o objetivo de melhorar o perfil dos candidatos e candidatas a cargos eletivos do país. Para isso, foi elaborado um Projeto de Lei de Iniciativa Popular sobre a vida pregressa dos candidatos com o objetivo de tornar mais rígidos os critérios de quem não pode se candidatar - critérios de inelegibilidades. Assim, o objetivo do Projeto de Lei de iniciativa popular era alterar a Lei Complementar nº 64, de 18 de maio de 1990, já existente, chamada Lei das Inelegibilidades. 

  A iniciativa popular é um instrumento previsto em nossa Constituição que permite que um projeto de lei seja apresentado ao Congresso Nacional desde que, entre outras condições, apresente as assinaturas de 1% de todos os eleitores do Brasil. 

  O projeto Ficha Limpa circulou por todo o país, e foram coletadas mais de 1,3 milhões de assinaturas em seu favor – o que corresponde a 1% dos eleitores brasileiros. No dia 29 de setembro de 2009 o Projeto de Lei foi entregue ao Congresso Nacional junto às assinaturas coletadas. 

   A ABRACCI, o MCCE e cidadãos de todo o país acompanharam a votação do projeto de lei na Câmara dos Deputados e no Senado, que foi sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no dia 4 de junho de 2010, Lei Complementar nº. 135/2010, que prevê a lei da Ficha Limpa. 

  Quase dois anos depois de entrar em vigor, a Lei da Ficha Limpa foi declarada constitucional pela maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) no dia 16 de fevereiro de 2012. Por sete votos a quatro, o plenário determinou que o texto integral da norma deve valer a partir das eleições de outubro de 2012. 

   A Lei da Ficha Limpa é uma conquista histórica da sociedade brasileira. Mas será possível que um problema tão real e preocupante como a corrupção possa ser resolvido com uma solução tão simples como a Lei da Ficha Limpa? Será a lei da Ficha Limpa o fim dos problemas políticos do Brasil?



19 de setembro de 2012

Conhece-te a ti mesmo


O ser racional, que busca desvendar os mistérios do mundo; que provoca, questiona, supõe; aquele que busca a resposta para as coisas sem explicação; que teoriza, estuda, erra; o ser que quer tornar o mito, ciência, dados; e que muitas das vezes torna os dados e ciências, mitos; ele que compreende tudo, mas não compreende nada; e que permanece, ainda, não esclarecido a ele mesmo: homem.


E a sina prossegue...

   Aloha! Como andam meus caros filósofos de plantão, provocadores e pseudo-intelectuais, ou como dizia meu caro amigo Ricardito: "técnicos do conhecimento formal" - que crítica haha. 
   Lembro-me de ter postado em agosto de 2011 algumas considerações acerca dos resultados das olimpíadas e paraolimpíadas de Pequim em 2008. Na citada postagem recordo de ter comparado todo o investimento feito nos esportistas olímpicos e na cobertura do evento e o retorno insatisfatório quanto ao quadro de medalhas, provocando assim um diálogo com o pouco investimento e pouca cobertura realizada nos jogos paraolímpicos e, ao contrário, seu retorno muito satisfatório e digno de mérito, colocando o Brasil no 9° lugar no quadro de medalhas, enquanto nas olimpíadas o país encerrou suas disputas em 23° lugar. O link daquela sucinta consideração que foi postada segue aqui: http://botecofilos.blogspot.com.br/2011/08/quem-merece-maior-merito.html

     Só queria relembrar tal reflexão realizada naquela época, pois após o final das olimpíadas e paraolimpíadas de Londres desse ano (2012) notei as mesmas coisas que já tinha explanado sobre os jogos de Pequim. E novamente os atletas paraolímpicos superaram os olímpicos, trouxeram maior número de medalhas e colocaram o Brasil mais uma vez entre os 10 primeiros, enquanto a cobertura de suas disputas, suas conquistas e investimentos permanecem negligenciados.


Atletas olímpicos - 17 medalhas ao todo, sendo 3 ouro, Brasil 22° lugar.

Atletas paraolímpicos - 43 medalhas ao todo, sendo 21 de ouro, Brasil 7° lugar.


    E aí Rio2016, quem merece maior mérito, maior investimento? Ou melhor, será que é coerente dar maior investimento ou maior cobertura pra um só?
E a sina prossegue...

Gramsci e a indiferença


    "Odeio os indiferentes. Como Friederich Hebbel acredito que "viver significa tomar partido". Não podem existir os apenas homens, estranhos à cidade. Quem verdadeiramente vive não pode deixar de ser cidadão, e partidário. Indiferença é abulia, parasitismo, covardia, não é vida. Por isso odeio os indiferentes.

   A indiferença é o peso morto da história. É a bala de chumbo para o inovador, é a matéria inerte em que se afogam freqüentemente os entusiasmos mais esplendorosos, é o fosso que circunda a velha cidade e a defende melhor do que as mais sólidas muralhas, melhor do que o peito dos seus guerreiros, porque engole nos seus sorvedouros de lama os assaltantes, os dizima e desencoraja e às vezes, os leva a desistir de gesta heróica.

   A indiferença atua poderosamente na história. Atua passivamente, mas atua. É a fatalidade; e aquilo com que não se pode contar; é aquilo que confunde os programas, que destrói os planos mesmo os mais bem construídos; é a matéria bruta que se revolta contra a inteligência e a sufoca. O que acontece, o mal que se abate sobre todos, o possível bem que um ato heróico (de valor universal) pode gerar, não se fica a dever tanto à iniciativa dos poucos que atuam quanto à indiferença, ao absentismo dos outros que são muitos. O que acontece, não acontece tanto porque alguns querem que aconteça quanto porque a massa dos homens abdica da sua vontade, deixa fazer, deixa enrolar os nós que, depois, só a espada pode desfazer, deixa promulgar leis que depois só a revolta fará anular, deixa subir ao poder homens que, depois, só uma sublevação poderá derrubar. A fatalidade, que parece dominar a história, não é mais do que a aparência ilusória desta indiferença, deste absentismo. Há fatos que amadurecem na sombra, porque poucas mãos, sem qualquer controle a vigiá-las, tecem a teia da vida coletiva, e a massa não sabe, porque não se preocupa com isso. Os destinos de uma época são manipulados de acordo com visões limitadas e com fins imediatos, de acordo com ambições e paixões pessoais de pequenos grupos ativos, e a massa dos homens não se preocupa com isso. Mas os fatos que amadureceram vêm à superfície; o tecido feito na sombra chega ao seu fim, e então parece ser a fatalidade a arrastar tudo e todos, parece que a história não é mais do que um gigantesco fenômeno natural, uma erupção, um terremoto, de que são todos vítimas, o que quis e o que não quis, quem sabia e quem não sabia, quem se mostrou ativo e quem foi indiferente. Estes então zangam-se, queriam eximir-se às conseqüências, quereriam que se visse que não deram o seu aval, que não são responsáveis. Alguns choramingam piedosamente, outros blasfemam obscenamente, mas nenhum ou poucos põem esta questão: se eu tivesse também cumprido o meu dever, se tivesse procurado fazer valer a minha vontade, o meu parecer, teria sucedido o que sucedeu? Mas nenhum ou poucos atribuem à sua indiferença, ao seu cepticismo, ao fato de não ter dado o seu braço e a sua atividade àqueles grupos de cidadãos que, precisamente para evitarem esse mal combatiam (com o propósito) de procurar o tal bem (que) pretendiam.

   A maior parte deles, porém, perante fatos consumados prefere falar de insucessos ideais, de programas definitivamente desmoronados e de outras brincadeiras semelhantes. Recomeçam assim a falta de qualquer responsabilidade. E não por não verem claramente as coisas, e, por vezes, não serem capazes de perspectivar excelentes soluções para os problemas mais urgentes, ou para aqueles que, embora requerendo uma ampla preparação e tempo, são todavia igualmente urgentes. Mas essas soluções são belissimamente infecundas; mas esse contributo para a vida coletiva não é animado por qualquer luz moral; é produto da curiosidade intelectual, não do pungente sentido de uma responsabilidade histórica que quer que todos sejam ativos na vida, que não admite agnosticismos e indiferenças de nenhum gênero.

    Odeio os indiferentes também, porque me provocam tédio as suas lamúrias de eternos inocentes. Peço contas a todos eles pela maneira como cumpriram a tarefa que a vida lhes impôs e impõe quotidianamente, do que fizeram e sobretudo do que não fizeram. E sinto que posso ser inexorável, que não devo desperdiçar a minha compaixão, que não posso repartir com eles as minhas lágrimas. Sou militante, estou vivo, sinto nas consciências viris dos que estão comigo pulsar a atividade da cidade futura que estamos a construir. Nessa cidade, a cadeia social não pesará sobre um número reduzido, qualquer coisa que aconteça nela não será devido ao acaso, à fatalidade, mas sim à inteligência dos cidadãos. Ninguém estará à janela a olhar enquanto um pequeno grupo se sacrifica, se imola no sacrifício. E não haverá quem esteja à janela emboscado, e que pretenda usufruir do pouco bem que a atividade de um pequeno grupo tenta realizar e afogue a sua desilusão vituperando o sacrificado, porque não conseguiu o seu intento.

  Vivo, sou militante. Por isso odeio quem não toma partido, odeio os indiferentes."

30 de agosto de 2012

Beba, e terás a alienação eterna!


Ah, sim... a propaganda! As vezes ela mexe até mesmo com seus criadores, e transforma-os em criatura. Ela é surpreendentemente surpreendente!

ps. isso me lembrou avenida brasil, mesmo não assistindo (OI OI OI)

27 de agosto de 2012

Quem foi a pátria que me pariu!?

Uma prostituta, chamada Brasil se esqueceu de tomar a pílula,
e a barriga cresceu
Um bebê não estava nos planos dessa pobre meretriz de dezessete anos
Um aborto era uma fortuna e ela sem dinheiro
Teve que tentar fazer um aborto caseiro
Tomou remédio, tomou cachaça, tomou purgante
Mas a gravidez era cada vez mais flagrante
Aquele filho era pior que uma lombriga
E ela pediu prum mendigo esmurrar sua barriga
E a cada chute que levava o moleque revidava lá de dentro

Aprendeu a ser um feto violento
Um feto forte escapou da morte
Não se sabe se foi muito azar ou muita sorte
Mas nove meses depois foi encontrado, com fome e com frio,
Abandonado num terreno baldio.

Pátria que me pariu!
Quem foi a pátria que me pariu!?

A criança é a cara dos pais mas não tem pai nem mãe
Então qual é a cara da criança?
A cara do perdão ou da vingança?
Será a cara do desespero ou da esperança?
Num futuro melhor, um emprego, um lar
Sinal vermelho, não da tempo prá sonhar
Vendendo bala, chiclete...
"Num fecha o vidro que eu num sou pivete
Eu não vou virar ladrão se você me der um leite, um pão, um vídeo game e uma televisão, uma chuteira e uma camisa do mengão.
Pra eu jogar na seleção, que nem o Ronaldinho
Vou pra copa, vou pra Europa..."
Coitadinho!
Acorda moleque! Cê num tem futuro!
Seu time não tem nada a perder
E o jogo é duro! Você não tem defesa, então ataca!
Pra não sair de maca!
Chega de bancar o babaca!
Eu não aguento mais dar murro em ponta de faca
E tudo o que eu tenho é uma faca na mão
Agora eu quero o queijo. Cadê?
Tô cansado de apanhar. Tá na hora de bater!

Pátria que me pariu!
Quem foi a pátria que me pariu!?

Mostra tua cara, moleque! Devia tá na escola
Mas tá cheirando cola, fumando um beck
Vendendo brizola e crack
Nunca joga bola mais tá sempre no ataque
Pistola na mão, moleque sangue bom
É melhor correr porque lá vem o camburão
É matar ou morrer! São quatro contra um!
Eu me rendo! Bum! Clá! Clá! Bum! Bum! Bum!
Boi ,boi, boi da cara preta pega essa criança com um tiro de escopeta
Calibre doze na cara do Brasil
Idade 14, estado civil mo...rto
Demorou, mas a pátria mãe gentil conseguiu realizar o aborto.

Pátria que me pariu!
Quem foi a pátria que me pariu!?

Refluxo

Não sei se é fartura ou abundância
a mesa farta na casa dalguns mortais
ou um manifesto de cega relutância 
dizer que a gula é um dos pecados capitais

Alguns só se podem dar ao luxo
De arrotar as sobras dos demais
O rico sofre de refluxo, tem azia
O pobre vomita a fome e nada mais

A cada passo se acentuam as diferenças
Cava-se o fosso da desigualdade
É o abismo perante a indiferença
O homem ignora o valor da equidade

24 de agosto de 2012

O que seria do mundo sem a loucura!?

 "O que é certo é que mesa alguma nos pode agradar sem o condimento da loucura. E tanto isso é verdade que, quando nenhum dos convidados se julga maluco ou,pelo menos, não finge sê-lo, é pago um bobo, ou convidado um engraçado filante que, com suas piadas, suas brincadeiras, suas bobagens, expulse da mesa o silêncio e a melancolia?

Erasmo de Roterdã, em Elogio da Loucura

23 de agosto de 2012

Futuro ou Presente?


"Foi então quando viram um objeto estranho, não familiar, e se espantaram. Mal sabiam ele que aquele objeto já havia mudado o mundo várias vezes e poderia dar um novo rumo à vida de cada um."

Pseudoindividualidade - o indivíduo ilusório

“Na indústria, o indivíduo é ilusório não apenas por causa da padronização do modo de produção. Ele só é tolerado na medida em que sua identidade incondicional com o universal está fora de questão. Da improvisação padronizada do jazz até os tipos originais do cinema, que têm de deixar a franja cair sobre os olhos para serem reconhecidos como tais, o que domina é a pseudo-individualidade. O individual reduz-se à capacidade do universal de marcar tão integralmente o contingente que ele possa ser conservado como o mesmo. Assim, por exemplo, o ar de obstinada reserva ou a postura elegante do indivíduo exibido numa cena determinada é algo que se produz em série exatamente como as fechaduras Yale, que só por frações de milímetros se distinguem umas das outras. As particularidades do eu são mercadorias monopolizadas e socialmente condicionadas, que se fazem passar por algo natural. Elas se reduzem ao bigode, ao sotaque francês, à voz grave de mulher de vida livre [...]: são como impressões digitais em cédulas de identidade que, não fosse por elas, seriam rigorosamente iguais e nas quais a vida e a fisionomia de todos os indivíduos ­ da estrela do cinema ao encarcerado - se transformam, em face ao poderio do universal. A pseudo-individualidade é um processo para compreender e tirar da tragédia sua virulência: é só porque os indivíduos não são mais indivíduos, mas sim meras encruzilhadas das tendências do universal, que é possível reintegrá-Ias totalmente na universalidade. “A cultura de massa revela assim seu caráter fictício que a forma do indivíduo sempre exibiu na era da burguesia, e seu único erro é vangloriar-se por essa duvidosa harmonia do universal e do particular.”

ADORNO, T; HORKHEIMER, M. Dialética do Esclarecimento: Fragmentos Filosóficos. Tradução Guido Antonio de Almeida, Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985. p. 144-5

26 de julho de 2012

Respeitável Público!

 


E sempre continua tudo bem, tudo bem, tudo bem! Sorria :D

O Som da Chuva

Um gênio no vocal, e outro no violão!



O que faz a minha cabeça?

     Idéias, conceitos, termos, ismos e mais ismo, onde estão? Quero tê-los! Vamos fabriquem mais, neologismos, neo-neologismos e pseudo-neologismos. Operários do conhecimento, produzam e eu comprarei. Façam minha cabeça e eu colocarei seus nomes na história. Pensar cansa, quero algo pronto, um conhecimento tão rebuscado que faça minha retórica tremer a terra com palavras cheias de letras e fonética quase impronunciável, mas vazias de sentido!




Um rosto lindo e um sorriso encantador e um jeitinho de falar que me pirou, que me pirou o cabeção!

Seria essa a gênese do preconceito?

Antes de mais nada temos que compreender o que a palavra preconceito guarda em sua etimologia, pois o disseminar dela durante as relações sociais de nosso contexto tomou um sentido totalmente pejorativo, influenciado pelo sensacionalismo de algumas campanhas e de algumas situações onde a discriminação e rejeição - seja ela étnica, cultural ou de qualquer outra natureza - causaram danos as pessoas atingidas.
Pré-conceito: formular um conceito antecipado, uma análise precipitada da situação, objeto ou pessoa de acordo com as ideias que já possuímos.
Não discordando da verdade que existe no preconceito - a realidade do lado negativo que se alicia ao desprezo e rejeição - o preconceito em si não é algo ruim, e é claramente algo natural e intrínseco ao homem.
Alguns exemplos simples para ilustrar o que estou dizendo são: a própria filosofia e seu "espanto" ou "admiração", que se depara com o desconhecido e tendo em mãos o que já conhece estabelece de antemão uma conceituação; ou as ciências ao estudar um fenômeno age da mesma maneira, e ao vê-lo pela primeira vez, tenta fazer ligações com as leis, regras e teorias já conhecidas;  o senso comum, onde, no contato com o desconhecido, o comparamos a algo já familiar para lhe atribuir um sentido, mesmo que seja de modo precipitado: ora, quem um dia não teve tal atitude de deparar-se com o novo e formular um significado para o conceito antes mesmo de conhecê-lo?
Mas isso ainda não nos garante que o preconceito é de fato algo intrínseco ao homem, pois só garante talvez que isso seja um costume ou hábito muito disseminado que pode ser superado. Então lá vamos nós as formalidades - e como eu as amo e ao mesmo tempo as odeio!
Moscovici, autor de "Representações Sociais, investigação em psicologia social" (muito bom e recomendo a sociólogos, psicólogos, filósofos e historiados que gostem de ler Paul Ricouer), apresenta em um capítulo de seu trabalho - capítulo intitulado "O Familiar e o Não Familiar" - alguns fatores que explanam o porque do preconceito e como ele é intrínseco ao homem.
O autor quando aborda esse capítulo mostra que nas relações os indivíduos, ou um grupo determinado, ao ter contato com o novo - o não familiar - tende a estranhá-lo e, assim, o que não é familiar e que difere da realidade daquela pessoa, ou grupo, passa a não participar de suas convenções e ultrapassa os limites do que é interessante, não dizendo respeito a praticidade nenhuma. Trocando em miúdos: isso o torna algo irreal ante a realidade da pessoa, ou grupo.
Mas esse irreal não é algo estático, e sim, muitas vezes, algo que gera incômodo:

“É desse modo que os doentes mentais, ou as pessoas que pertencem a outras culturas, nos incomodam, pois estas pessoas são como nós e contudo não são como nós; assim podemos dizer que eles são ‘sem cultura’, ‘bárbaros’, ‘irracionais’ etc. (...) todos os que foram exilados das fronteiras concretas de nosso universo possuem sempre características imaginárias; e pré-ocupam e incomodam exatamente porque estão aqui, sem estar aqui; eles são percebidos, sem ser percebidos; sua irrealidade se torna aparente quando estamos em sua presença.”
(MOSCOVICI, 2011, P.56)

       Pensemos então: quando vemos que o não familiar se torna algo irreal ao grupo, não como desprezo, mas como não pertencente a realidade do grupo, vemos o processo da “admiração” ou “espanto”, o contato com o novo. Usando da citação acima podemos perceber o que seria aí, talvez, a gênese do preconceito “negativo”, como forma de exclusão. Mas o que explicaria o formulação de uma concepção antecipada que de um sentido ao novo? A resposta é um novo conceito que Moscovici introduz: a re-apresentação.
       A re-apresentação é um processo que age dando um novo significado aquilo que não o possui dentro do grupo, ou seja, torna familiar aquilo que ainda não o é. Tomemos por exemplo a seguinte situação apresentada por Moscovici:
      Um grupo toma contato pela primeira vez com o conceito psicanálise. Esse conceito, não familiar ao grupo, é uma irrealidade para eles, vazio de sentido. Para tornar esse conceito familiar e com um sentido para o grupo usa-se da re-apresentação: a psicanálise é comparada a uma confissão religiosa, e, assim, ela passa a ser nesse grupo uma “espécie de confissão”.
      O processo de re-apresentação não é uma mera analogia, mas fixa o conceito em algo “similar” já conhecido pelo grupo, proporcionando assim a familiarização de conceitos. É uma junção real e uma mudança de valores e sentidos extremamente significativa: o conceito até então não familiar e vazio de sentido toma a realidade e contexto do grupo, que o adequa ao seu “mundo”.
    Assim o processo de tornar o não familiar, familiar, acaba apenas retornando a uma ideia já conhecida pelo grupo, a uma imagem já presente em sua realidade, não havendo um real envolvimento e uma real compreensão do novo. Não se compreende o conceito em seu contexto, mas dá-se sentido a ele a partir do próprio contexto do grupo em que o conceito não é familiar.
       Talvez esteja aí a gênese do pré-conceito e do preconceito (negativo), ao analisar o novo e dar a ele significado através da nossa própria realidade, deixando de lado a realidade onde o conceito nasceu e o significado que ele realmente possui.

       Entende-se que o processo de tornar o não familiar, familiar, se dá no que Moscovici chama de Universo Consensual, ou seja, as relações nos clubes, salões, bares, rodas de amigos e conversas informais, longe do Universo Reificado como a ciência e as linguagens próprias e pré-estabelecidas.


MOSCOVICI, S. "Representações Sociais - Investigação em Psicologia Social". 8ª ed. Vozes: Rio de Janeiro. 2011.

18 de julho de 2012

Prosperar: o que será necessário?

     Muito bom documentário, vale a pena conferir. Principalmente pela compreensão do funcionamento da economia global e proposta de tornar o mundo um lugar melhor. Quem sabe a utopia não vence o conformismo e o pessimismo...


15 de julho de 2012

Ser ou não ser: O que vale mais?


      "Uma grande nação deve ser medida por aquilo que faz para suas crianças e seus adolescentes. Não é o Produto Interno Bruto. É a capacidade do país, do governo, e da sociedade de proteger o seu presente o seu futuro, que são suas crianças e seus adolescentes"

      Nossa saudosa presidente - ou presidenta, não sei mais qual dos dois dizer - pronunciou tal afirmação durante a 9ª Conferência dos Direitos da Criança e do Adolescente após críticas em relação ao baixo crescimento do PIB no Brasil. Sobre PIB vamos voltar um pouco no tempo e relembrar os pronunciamentos do governo no início do ano em relação às expectativas do crescimento do PIB no país.
      No início do ano fora estipulado que o país cresceria 3% em relação ao PIB do ano de 2011 que atingiu R$ 4,143 trilhões. Após alguns meses desse primeiro semestre do ano de 2012 o governo declarou, após o surgimento de algumas críticas, que o país cresceria ao menos o mesmo tanto que o ano de 2011, que fechou taxa de crescimento de 2,7 em relação ao ano anterior (2010). E após uma revisão feita em junho veio a declaração que o país cresceria 2,1 em sua economia nacional (CNI - Confederação Nacional da Indústria).

    Diante disso coloco-me a pensar: seria o Brasil, grande potência econômica, grande promessa  como um país em ascensão, o tal país emergente; seria ele realmente uma grande promessa, ou seria apenas mais um brilhante trabalho de marketing, como a vinda daquele jogador japonês, Zizao, ou sei lá o que, para o Corinthians? Melhor dizendo, o que vale mais: ser ou não ser essa potência econômica? Melhor ainda: devemos nos preocupar como o PIB ou com o país? Não sei se o PIB pode ser visto como uma base. Acho que os valores estão um tanto quanto trocados: não seria o PIB uma consequência dos atos realizados no país? 
      Estar fixado demais em estipular o quanto a  economia do país vai crescer durante o ano e depois fazer algo para que ela cresça me parece uma bestialidade não? Números não enchem barrigas, e muito menos tiram o país da pobreza. E nem sei se PIB alto é sinônimo de boa vida no país... As vezes esses termos se apresentam de modo até mesmo contraditório.
      Claro, nossa presidente(a) foi oportunista e popular ao pronunciar tais palavras, ainda mais ao falar de seu já conhecido discurso sobre a erradicação da miséria e seu empenho no futuro dos jovens e crianças.  Ponto para ela! Mas não quero discutir economia nem os direitos da criança e do adolescente, e sim provocar: O que realmente é um país de primeiro mundo? Não estaríamos andando a contramão do progresso ao buscarmos por números no PIB? 

     O que vale mais: o ouro ou a prata, o pingado ou o pão?  Acho que em alguns momentos o pingado ou o pão é mais valioso!

2 de julho de 2012

Como resolver os problemas?

PENSAR E AGIR?


OU AGIR E PENSAR?


Seriamos nós, os seres mais evoluídos de toda a evolução animal, detentora da grande RAZÃO moderna, seres realmente pensantes?




14 de maio de 2012

Apenas uma brincadeira para pensar os condicionamentos

Ressalvas desde já: não sou marxista (melhor dizendo, não sou nenhum ista e outros termos que rementem os nomes de pensadores - talvez eu seja sim pelogiano hahaha), mas tenho certo apresso por essa compreensão de Marx sobre o processo de alienação a partir do disseminar das ideologias. Resolvi portanto, logo no primeiro ano de faculdade, brincar com esses termos. Portanto desde já peço perdão pela imaturidade do texto, mas não poderia degrenir minha própria obra, enquanto valor histórico da construção e compreensão do meu pensamento.           

         Compreendendo que não é centro de discussão questionar uma prática religiosa - até por que, como nos diz Hume, o milagre (manifestação dos deuses) pode até existir, mas eu não posso provar, pois vai além da realidade empírica humana; e mesmo que aconteça um milagre comigo não posso explica-lo ou levar outro a crer –, mas usando o mito grego como ilustração e metodologia – se assim pode ser chamado, guardando as devidas proporções – gostaria de leva-los a pensar alienação e ideologia nos dias de hoje através dos resquícios opressores da antiguidade mítica que remontam a historia nos dando assim respaldo para compreendermos essa problemática em nossos dias; criar uma analogia que aproxima as duas épocas tão distantes pela linha cronológica.
Na antiguidade, como nos conta a história grega, a religião que predominava era o culto por vários deuses, um politeísmo que se ratificava na idéia de que cada deus correspondia a uma necessidade ou situação, como Afrodite, deusa do amor. Esses deuses viviam no Olimpo, lugar puro onde tudo era perfeito, ficando inacessíveis aos humanos e ao impuro, mas existia uma ligação entre os homens e os deuses: os Oráculos. Os gregos acreditavam que os Oráculos podiam expressar as vontades dos deuses para os humanos, tomando assim decisões muitas vezes de grande peso social e político com base na interpretação feita desse oráculo. Essas “manifestações” dos deuses nos Oráculos eram, portanto, determinantes nas relações sociopolíticas dos gregos antigos, pois eram interpretadas como vontades supremas e perfeitas, uma vez vindas de um deus. É, portanto, intrigante nos depararmos com essa situação, quando iluminados somente pela luz da razão, sem a pretensão de fazer critica ao dogmatismo religioso, pois ela nos apresenta-se forçosamente como uma forma alienadora dos indivíduos às vontades de deuses que mandam e desmandam o seu bel prazer. Ora, uma vez que a particularidade do individuo é algo inato e natural, ativo através de suas opiniões e pontos de vista, essas decisões condicionadas pelas vontades dos deuses fazem com que uma pressão de cunho alienador seja exercida sobre essa particularidade dos indivíduos, comprometendo suas decisões.

“Depois disso a tirania tornou-se muito mais severa. Para vingar o irmão, Hipias matou ou exilou muitas pessoas, o que fez com que fosse desacreditado e odiado por todos. Cerca de três anos depois da morte de Hiparco, Hipias tentou fortificar Muníquia por causa de sua impopularidade na cidade de Atenas. Ele pretendia mudar sua residência para lá, mas enquanto mudava foi expulso por Cleômenes, o rei de Esparta, porque os espartanos estavam recebendo repetidas mensagens dos Oráculos instruindo-os para terminar com a tirania em Atenas.”
(ARISTÓTELES. Constituição de Atenas. Os Pensadores, São Paulo, Nova Cultural, 1999. p. 270)

Nesse trecho da obra de Aristóteles vemos o poder de influência do Oráculo sobre as decisões sociopolíticas na cidade de Atenas. E ela se torna muito mais significativa nesse palco de ideologias e ações que geram alienação quando nos atentamos ao detalhe de que a história ateniense foi mudada por espartanos que não tinham, em seu âmbito geográfico social, nada que se intrometer na história da evolução de Atenas, alarmando ainda mais a idéia de que isso se tornava uma ação alienadora e de âmbito até mesmo ditador. Não muito distante dessa mesma idéia a nossa contemporaneidade apresenta dentro de sua complexidade um fator que desenvolve as mesmas funções do oráculo enquanto meio ditador de ideologias: a mídia. Ela nos impõe as idéias que estão acima de nós, como as idéias narcísicas, idéias de dever e de o que fazer e o que não-fazer, ratificando essa relação nas dinâmicas e nas influências do Oráculo da antiguidade e dessa mídia contemporânea. A mídia, ao apresentar as ideologias que assolam o território amplo da modernidade, leva os indivíduos a negar muitas vezes a sua subjetividade para adotar as idéias impostas por ela, gerando uma anomia social, ou seja, um estado que aliena a pessoa às marés das grandes massas, privando-o assim de usar de sua livre faculdade da razão para determinar suas decisões e ações. E o interessante dessa dinâmica é que os elementos ditadores dessas ideologias que geram a alienação, tanto na antiguidade como em nossa contemporaneidade, não são nem o Oráculo nem a mídia em si, mas terceiros que exercem, através desses meios, suas vontades ideológicas alienantes: os deuses e a sociedade burguesa, respectivamente. Esses dois “personagens” da história através de suas vontades levam, por sua força representativa, massas a aderirem seus ideais, contribuindo assim para o fim hedonista de suas vontades.

“[...] a ideologia é um dos instrumentos da dominação de classe e uma das formas da luta de classe. A ideologia é um dos meios usados pelos dominantes para exercer a dominação, fazendo com que esta não seja percebida como tal pelos dominados.”
(CHAUI, Marilena. O que é ideologia. 38ª ed., São Paulo, Brasiliense, 1994. p. 86)

Marilena Chauí nos mostra claramente nesse trecho que a ideologia é uma forma de induzir e assim alienar as pessoas, só que não é um termo somente negativo, como no sentido pejorativo que acabou tomando, mas uma forma que apresenta idéias e conceitos de como proceder tanto para os dominadores como para os que buscam desvencilhar-se dessa alienação. É, portanto, claro à nossa razão, que as ideologias alienantes vem desses grandes “personagens”, visando apenas um desenvolvimento, um progresso ou uma evolução para sua própria situação, levando cada vez mais as massas a se amarrarem nessas sugestões opressoras. Isso então ratifica mais uma vez quão próxima é a opressão da antiguidade com a opressão contemporânea. E compreendendo o Mito da Caverna de Platão, escrito no Livro III de A República, não só como uma forma de explicar a dinâmica de sua teoria do mundo das idéias, mas como argumento que nos ajuda a fundamentar essa problemática, pois contêm em seu roteiro elementos que se remontam nessa realidade das ideologias alienadoras. Algo muito interessante colocado por Platão é a indolência na busca da verdade, ou seja, a falta de interesse em parar de olhar para uma mesma direção e olhar para o que acontece ao redor, descobrindo que as coisas que estão acontecendo estão sendo postas por terceiros e não pela sua subjetividade.

“As idéias da classe dominante são, em cada época, as idéias dominantes; isto é, a classe que é a força material dominante da sociedade é, ao mesmo tempo, força espiritual dominante [...] As idéias dominantes nada mais são do que a expressão ideal das relações materiais dominantes, as relações materiais dominantes concebidas como idéias [...] Os indivíduos que constituem a classe dominante possuem, entre outras coisas, também consciência e, por isso, pensam; na medida em que dominam como classe e determinam todo o âmbito de uma época histórica, é evidente que o façam em toda sua extensão e, conseqüentemente, entre outras coisas, dominem também como pensadores, como produtores de idéias; que regulem a produção e a distribuição das idéias de seu tempo e que suas idéias sejam, por isso mesmo, as idéias dominantes da época [...]”
MARX, K., ENGELS, F. A Ideologia Alemã. v. 1. Lisboa Presença, 1845. p.72)

Isso mostra o quão repressora essas ideologias se tornam quando exercem sua força sobre as classes tidas como dominadas nesse contexto de interesses sóciopolíticos. Rebelar-se, portanto, contra essa alienação, a favor do pensamento, assim como aquele personagem do mito escrito por Platão, parece coerente à razão e proporciona a libertação dessa ideologia negativa e alienadora, através do uso da mesma ideologia no objetivo de esclarecimento e busca da verdade: uma Aufhebung.

Mas essa força para a mudança (emancipação) surgiria de onde?

27 de abril de 2012

Soberania: sim ela faz toda a diferença HAHA


O subjetivismo subjetivo?


O universo não é uma idéia minha. 
A minha idéia do Universo é que é uma idéia minha. 
A noite não anoitece pelos meus olhos, 
A minha idéia da noite é que anoitece por meus olhos. 
Fora de eu pensar e de haver quaisquer pensamentos 
A noite anoitece concretamente 
E o fulgor das estrelas existe como se tivesse peso.


Fernando Pessoa

Idealismo: uma utopia ou uma força transformadora?



    Ademais escreverei um pouco sobre o que penso dessa ideia, mas por hora basta essa provocação aqui suscitada por Pawel Kuczynski, no intuito talvez de uma maiêutica para nossas próprias reflexões...  

Quebrando o Tabu


12 de abril de 2012

A Patologia do Tecnicismo e Informacionismo - Seria o fim dos questionamentos humanos?

         Eis que surge os novos modos de produção: as máquinas trabalham sem parar, a produção se torna fragmentada e reificada, de modo que o processo se torne mais rápido e tantos outros fatores que poderíamos expor aqui, mas já estamos saturados de saber de tudo isso. Assim nasceram também as grandes críticas à esse sistema de produção com relação à destruição da natureza pensante do homem, como nos escritos de Marx, Engels, Gramsci e outros, quase sempre de esquerda via de regra (hahaha). E como eu disse, não vou continuar martelando nisso sendo que só esses três filósofos que citei escreveram "bíblias", "alcorões" e "sumas teológicas" sobre esse assunto, mas se alguém ainda não tiver conhecimento do que dissemos acima assista o filme Tempos Modernos do Chaplin que terá uma ótima ilustração do que acabamos de apresentar. Ora pois, tudo isso foi dito para se chegar a um ponto: o que estamos vivendo. 
    Costumo dizer que a filosofia, desde sua gênese grega (como ocidentalmente a conhecemos) tem pulado de sistemas em sistemas, sendo guiada pelas suas questões inquietantes, e de certa maneira irritantes ("o povo que não para de fazer perguntas" já dizia um saudoso aluno meu). 
       Fugimos do mito grego, caímos então no cristão. Aconteceu então o grande apogeu da razão humana com o iluminismo protestante e o racionalismo de Descartes: a supervalorização da pensamento humano e o criticismo kantiano.
         Podemos dizer também, apoiados por Rousseau, Marx e Engels, que a partir daí o homem abraçou o capital, as futilidades e os narcisismos. Assim cumpre-se uma profecia feita pelo grande pensador Bigode (Nietzsche) - sendo só uma adaptação de sua fala para deixar mais belo e poético o corpo de tal texto tão desnudo de conceitos profundos - quando disse que Deus (ou deus) está morto e que o homem coloca em seu lugar seus anseios.
         Não sei se eu seria muito precipitado em dizer que sem deixar nosso ego inflado de lado também abraçamos uma patologia linda aos olhos: o tecnicismo e informacionismo (digo isso pois ainda não sou Dr. portanto não possuo titulação para expor minhas idéias e muito menos criar termos como esse que acabei de vos citar: o informacionismo. Sou apenas um reprodutor de pensamentos prontos por enquanto, pois sou acadêmico, mas deixa eu ser PhD pra você vê só HAHAHA).
          Mas voltando ao que interessa, e nem sei se interessa tanto assim, o problema é: o fordismo ferrenho já passou, e até para produzir é necessário uma capacitação intelectual (ops, os tecnocratas me perdoem pelo erro no termo aplicado, é capacitação profissional), mas não seria esse tecnicismo e essa busca por informação pronta - respostas imediatas - uma estrada que vai à contramão da própria supervalorização da razão que nós herdamos dos engomados pensadores franceses e ingleses, que se dedicaram tanto a esse belo termo - a racionalidade - diante de suas belas lareiras acesas em suas bibliotecas em noites frias de ócio criativo na Europa?

"Devemos julgar um homem mais pelas suas perguntas que pelas respostas."
Voltaire

          Bom, uma vez que um dos grandes pensadores da história proferiu essa singela e profunda afirmação devo calar-me agora, pois não quero ser julgado por nenhuma respostas que eu apresente, mas deixo as provocações que aqui fiz para serem pensadas - não no plano abstrato e sistemático, pois talvez esse assunto já seja objeto de diversas discussões hoje em dia, mas como forma de reflexão prática (práxis) que tanto faz falta, venhamos e convenhamos, em toda a história da filosofia. E também cessarei por aqui minhas considerações, pois como já disse "ainda não sou Dr. portanto não possuo titulação para expor minhas idéias".

PELOGIA, Thiago. (pelo menos citar meu nome assim eu posso pois já tenho curriculum lattes)

16 de março de 2012

Vai ficar ou vai correr?

"Essas são as desvantagens de um espírito comercial. As mentes dos homens ficam limitadas, tornam-se incapazes de se elevar. A educação é desprezada, ou no mínimo negligenciada, e o espírito heróico é quase totalmente extinto. Corrigir esses defeitos deveria ser assunto digno de uma séria atenção"
Adam Smith


"É evidente que Adam Smith pôde apenas identificar o problema, sem ser capaz de encontrar um remédio adequado para ele."
István Mészáros


Será nossa, portanto, essa responsabilidade? Ou melhor, seremos críticos e empenhados o suficiente para acreditar numa Aufhebung pela educação, e assim dar conta de toda essa problemática. Enfim, vamos ficar ou vamos correr?


AMAR E MUDAR AS COISAS, AMAR E MUDAR AS COISAS ME INTERESSAM MAIS - Belchior

Assim também são os argumentos! Ou não?


"Sentimos que, mesmo depois de serem respondidas todas as questões científicas possíveis, os problemas da vida permanecem completamente intactos." Wittgenstein 

15 de março de 2012

Educação e Emancipação: seria necessária uma nova Paidéia?

          César Nunes se reporta à idéia da paidéia antiga para contextualizar seu pensamento sobre a importância da educação. Ao agir dessa forma ele faz uso desse conceito grego onde o cidadão livre era educado política, ética e esteticamente para a vivência na polis, para o debate das idéias na ágora e emancipação da vida social, uma vez que isso se deu na divisão de águas causada pelos pensamentos socráticos que passaram da especulação do mundo para a reflexão do próprio homem em suas relações.
           O professor enxerga nessa dinâmica a grande importância da formação do homem e de todo o processo da educação, pois, não dissociando a intrínseca ligação entre a filosofia e a educação, a educação passa a ser a ação consciente da comunidade política, através do pontapé reflexivo da filosofia. E com a tríade intelectual de Sócrates, Platão e Aristóteles isso se ratificou, tomando a filosofia como encerrar-se numa paidéia, resgatando esses valores da educação do homem para uma formação plena  e para uma vivência e agir consciente na sociedade, na polis. A educação, tematizada por essa filosofia clássica, é uma grande engrenagem na discussão social. Nela se articula os princípios do agir social e do pensar. Cabe à Filosofia da Educação a postura de investigar tudo o que está posto e fora produzido pela razão para a vida em sociedade, pois a filosofia toma para si o trabalho mediador para a transformação.
          Não há uma dissociação entre a filosofia e a educação. É dela, portanto, a missão de examinar minuciosamente e reeditar as possibilidades pedagógicas para atingir essa utopia possível – assim como ele define – e superar o estado de sociedade, de polis, que está posta. A Filosofia da Educação deve configurar uma nova política.
         

“Passa a ser preciso recuperar a identidade da filosofia como investigação sobre os fundamentos racionais da ação do homem”


21 de fevereiro de 2012

Um pouco de utopia para nosso ego metafísico e transcendente

Imagine que não há paraíso 
É fácil se você tentar 
Nenhum inferno abaixo de nós 
Acima de nós apenas o céu 
Imagine todas as pessoas 
Vivendo para o hoje 

Imagine não existir países 
Não é difícil de fazê-lo 
Nada pelo que lutar ou morrer 
E nenhuma religião também 
Imagine todas as pessoas 
Vivendo a vida em paz 

Você pode dizer 
Que eu sou um sonhador 
Mas eu não sou o único 
Eu tenho a esperança de que um dia 
você se juntará a nós 
E o mundo será como um só 

Imagine não existir posses 
Me pergunto se você consegue 
Sem necessidade de ganância ou fome 
Uma irmandade de humana 
Imagine todas as pessoas 
Compartilhando todo o mundo 

Você pode dizer 
Que eu sou um sonhador 
Mas eu não sou o único 
Eu tenho a esperança de que um dia 
Você se juntará a nós 
E o mundo viverá como um só

8 de janeiro de 2012

Pode a vaca soletrar corretamente?

Uma vez pensava eu, se a verdade era subjetiva. Sabem como é, não? Tinha 14 anos, ensino médio, aprendendo segundo o padrão MEC de qualidade. Sim, o padrão MEC é sensacional. Não lembro aonde li (ou ouvi, realmente não lembro)duas pessoas que diziam (ou escreviam, já disse: não lembro), que a ditadura fora um período terrível:' aboliu a filosofia, criou a moral e cívica, cerceou isto e aquilo...' Mas eis que ouve-se um brado retumbante: 'mas na época da Ditadura, bem ou mal, as crianças sabiam ler e escrever'. Pois é, mas não quero falar da 'Ditabranda'. Eu falava sobre a verdade.
Então, subjetiva ou objetiva? Subjetiva, tinha quase certeza. Não contei ainda, mas eu lia o Dawkins. Sim, o Richard. Estava maravilhado. Deus não existia, a moral não existia, a verdade era minha (santo Deus!) e só existiam os 'algozes e ditadores de 1964' (que ninguém na minha família conheceu) e o Dawkins. Era Dawkins na terra e ninguém no céu (do contrário seria muito teísmo de minha parte àquela época).
Mas eis que surge o seguinte: se a verdade é subjetiva, por que não estou sempre certo? Isto é um crime! O MEC nos ensina, mas é a realidade que nos educa. Santo Cristo! a Verdade existe, e é objetiva. E mais, aonde não havia verdade objetiva, não havia justiça (afinal, o que seria mentira e o crime?). A verdade objetiva matou meu espírito revolucionário, mas salvou meu cérebro (embora alguns digam que apenas parcialmente).
'É mais fácil cair que manter-se em pé', dizia Chesterton (ou algo parecido), mas vou mais além: quando a verdade tornar-se subjetiva, quero que a mimosa do sítio venha soletrar corretamente. Porque, objetivamente, ela rumina, baba e muge.