8 de janeiro de 2012

Pode a vaca soletrar corretamente?

Uma vez pensava eu, se a verdade era subjetiva. Sabem como é, não? Tinha 14 anos, ensino médio, aprendendo segundo o padrão MEC de qualidade. Sim, o padrão MEC é sensacional. Não lembro aonde li (ou ouvi, realmente não lembro)duas pessoas que diziam (ou escreviam, já disse: não lembro), que a ditadura fora um período terrível:' aboliu a filosofia, criou a moral e cívica, cerceou isto e aquilo...' Mas eis que ouve-se um brado retumbante: 'mas na época da Ditadura, bem ou mal, as crianças sabiam ler e escrever'. Pois é, mas não quero falar da 'Ditabranda'. Eu falava sobre a verdade.
Então, subjetiva ou objetiva? Subjetiva, tinha quase certeza. Não contei ainda, mas eu lia o Dawkins. Sim, o Richard. Estava maravilhado. Deus não existia, a moral não existia, a verdade era minha (santo Deus!) e só existiam os 'algozes e ditadores de 1964' (que ninguém na minha família conheceu) e o Dawkins. Era Dawkins na terra e ninguém no céu (do contrário seria muito teísmo de minha parte àquela época).
Mas eis que surge o seguinte: se a verdade é subjetiva, por que não estou sempre certo? Isto é um crime! O MEC nos ensina, mas é a realidade que nos educa. Santo Cristo! a Verdade existe, e é objetiva. E mais, aonde não havia verdade objetiva, não havia justiça (afinal, o que seria mentira e o crime?). A verdade objetiva matou meu espírito revolucionário, mas salvou meu cérebro (embora alguns digam que apenas parcialmente).
'É mais fácil cair que manter-se em pé', dizia Chesterton (ou algo parecido), mas vou mais além: quando a verdade tornar-se subjetiva, quero que a mimosa do sítio venha soletrar corretamente. Porque, objetivamente, ela rumina, baba e muge.